A dieta do tipo sanguíneo é bastante antiga, e volta e meia vem à tona novamente. Ela surgiu em 1996, quando o americano Peter D’Adamo escreveu um livro chamado “Eat Right for Your Type”, ou, como foi traduzido para o português, “A Dieta do Tipo Sanguíneo”.
Como é a Dieta do Tipo Sanguíneo?
A ideia principal é que para cada tipo sanguíneo, A, B, O ou AB, existem alimentos que estimulem a perda de peso, enquanto outros alimentos podem ser difíceis de digerir e fazer mal. Segundo o autor, a regra seria a seguinte:
- Sangue tipo O: seria o tipo sanguíneo “mais antigo”, e pessoas desse grupo deveriam comer carne quase todos os dias para saciar suas necessidades de “caçador”. Figo, ameixa e salmão também seria benéficos. Essa pessoas deveriam evitar a maioria dos grãos uma vez que a agricultura não existia quando esse tipo de sangue originou-se, além de laticínios.
- Sangue tipo A: esse tipo sanguíneo apareceu depois do desenvolvimento da agricultura, então deveriam comer principalmente vegetais, frutas e grãos, evitando carnes vermelhas.
- Sangue tipo B: tipo de sangue que surgiu depois que os seres humanos migraram para lugares variados do planeta. Desta forma, as pessoas desse tipo sanguíneo deveriam ter uma dieta mais variada, rica em laticínios. Mas também devem evitar alguns alimentos, com azeitona, milho, tomate e ovos (exceto de galinha).
- Sangue tipo AB: é o tipo sanguíneo mais novo, que reúne características dos sangues A e B.
E aí, funciona?
Para dizermos se algo funciona ou não, precisamos de estudos científicos sérios, com populações grandes e uma metodologia adequada. E não temos estudos assim comprovando a eficácia dessa dieta. Em 2014, um grupo de pesquisadores americanos testou a validade da dieta do tipo sanguíneo.
O estudo foi assim:
Foram selecionados 1639 indivíduos
O que foi avaliado:
- Dieta habitual de cada pessoa
- Tipo sanguíneo
- Medidas antropométricas (como peso e altura)
- Pressão sanguínea
- Exames de sangue, como glicose, colesterol e triglicerídeos
Como foi feito:
Os pesquisadores avaliaram se as pessoas que habitualmente seguiam uma dieta parecida com a recomendada para o tipo sanguíneo delas eram mais saudáveis, ou seja, se tinham níveis adequados nos exames de sangue e se tinham peso e pressão sanguínea adequados. Não foi pedido aos participantes que seguissem a dieta específica para seu tipo sanguíneo.
Os resultados:
Pessoas do tipo sanguíneo A que seguiam uma dieta parecida com a recomendação tiveram melhores parâmetros cardiovasculares, mas isso deve ser pois é a dieta mais rica em verduras e frutas, que sabemos que protege conta doenças do coração.
No geral, o estudo não achou associação entre seguir uma dieta parecida com a recomendada para seu tipo sanguíneo e ter menor risco de doenças cardiovasculares.
E a nossa opinião?
Não consideramos a dieta do tipo sanguíneo adequada por três motivos:
- É restritiva, e toda restrição de grupos alimentares tende a levar à deficiências de nutrientes, o que não é saudável.
- Se você costuma ler o blog com frequência, deve saber nossa opinião sobre dietas. Senão, vou resumir aqui: dietas tem começo, meio e fim. Ninguém consegue seguir uma alimentação muito restritiva para sempre, concorda? Por isso, acreditamos muito mais em comer de tudo um pouco, com moderação em alimentos processados e priorizando alimentos naturais. E, acima de tudo, levando em conta a recomendação de nutricionistas que estudaram anos e se baseiam em publicações sérias para saber qual alimentação é mais saudável para cada pessoa.
- Uma alimentação mais saudável só funciona se você gostar dos alimentos que deve consumir e se eles forem fáceis de adaptar na sua rotina. De que adianta seguir uma dieta rica em carne, para quem tem sangue tipo O, se a pessoa é vegetariana e tem como princípio evitar alimentos de origem animal? Significa que essa pessoa vai ser doente por não seguir a dieta proposta? Claro que não! Tudo é uma questão de conversar com um nutricionista e juntos buscarem alternativas!