A dietoterapia chinesa ou tratamento chinês através dos alimentos consiste em trabalhar a energia universal ou as forças yin e yang do organismo, alternando-as na medida necessária para obter o seu equilíbrio.1,2 Atuam nos canais de energia do corpo desobstruindo tensões e restabelecendo o equilíbrio emocional. Esses canais são chamados de meridianos 2. É possível promover o emagrecimento através destas técnicas orientais, atuando na “quebra de células de gordura” (lipólise) e no reequilíbrio das funções gástricas, intestinais e emocionais3. Um indivíduo que não se movimenta, permanece sedentário, abriga dentro de si um excesso de energia yin. Dessa forma o corpo não produz calor, ou seja, gera uma deficiência de yang, promovendo assim um desequilíbrio energético4. A obesidade está relacionada com um desequilíbrio energético, onde há uma alta ingestão alimentar e baixo gasto calórico, ou seja, a energia consumida fica armanezada, acontecendo um acúmulo de tecido adiposo4. Para a Medicina Chinesa, a obesidade está ligada a uma desarmonia no Elemento Terra, gerando um acúmulo de “umidade” que prejudica as funções de transformação e transporte dos alimentos e dos líquidos orgânicos, sob responsabilidade do Baço (na visão energética). A alimentação que excede o limite de saciedade ultrapassa tanto a capacidade de digestão do Baço e do Estômago como as capacidades de absorção e de transporte, levando a uma obstrução alimentar que, por sua vez, promove um desequilíbrio: distensão e plenitude abdominal, com eructações pútridas ou ácidas, indigestão, vômitos e diarréia5. Também é importante salientar que preocupação gera sintomas de ansiedade, que contribuirão para o aumento da ingestão de alimentos, afetando a função energética do estômago e do baço 4. Há o obeso Yang, o gordo quente, com dinamismo. É líder e fala mais alto. Engorda porque come muito e tem um organismo que absorve bem estes nutrientes formando tecidos fortes. É bem disposto e ativo. Suas mãos, pés e genitais são quentes e a face tende a ser mais avermelhada. Engordam mais na parte superior do corpo. Quando um indivíduo está em estado Yang de obesidade, é importante introduzir alimentos Yin, de natureza fria, como o chá verde, por exemplo4. Alimentos yin, energia fria/fresca: água de coco, aipo, alface, amêndoa, banana, berinjela, brócolis, carambola, caranguejo, cenoura, cevada, chá verde, chicória, clara de ovo, cogumelo, espinafre, feijão preto, gergelim, hortelã, batata-doce, iogurte, laranja, leite de coco, maçã, marisco, melancia, melão, morango, nabo, ostra, pato, peixe, pepino, sal, tangerina, tomate1. O obeso Yin é o gordo frio, pouco gasto calórico, metabolismo lento, pés e mãos frios, rosto pálido ou amarelado, cabelos fracos e quebradiços. Geralmente são gordos mais flácidos, gordura mais fria. Sentem preguiça e cansaço, cochilam facilmente e despertam com vontade de comer doce. Engordam mais na parte inferior do corpo. Já em estado Yin de obesidade é importante introduzir alimentos de natureza Yang, com propriedades mais quentes, capazes de acelerar a circulação e estimular as funções orgânicas. Estes alimentos lubrificam as articulações e aumentam a elasticidade da pele. Em longo prazo, o organismo tende a se equilibrar nesse estado Yang e estacionar a perda de peso. Se ainda houver peso para eliminar, esse método deve ser alternado para alimentos Yin, provocando uma reação contrária, incentivando a redução de peso4. Alimentos yin/yang, energia neutra: abacaxi, abóbora, ameixa, amendoim, arroz, aspargo, atum, aveia, azeitona, batata, beterraba, carne de frango, carne de porco, carne de vaca, feijão comum, figo, gergelim preto, ginseng, grão-de-bico, leite de vaca, mamão papaia, mel, milho, ovo, salmão, trigo, uva, uva passa1. Alimentos yang, energia quenta/morna: açúcar mascavo, alecrim, alho, café, caju, camarão, canela, carne de cordeiro, casca de laranja, casca de tangerina, castanha, cebola, cebolinha, chocolate, cravo, erva-doce, fígado de galinha, framboesa, gema de ovo, gengibre, goiaba, leite de cabra, manteiga, noz, noz moscada, óleo de gergelim, peru, pêssego, pimenta, queijo, vinagre1. É possível aumentar a energia do baço com damasco, nozes, mel e abóbora, evitar alimentos como o leite e derivados, açúcar, melancia, manga, banana, por exemplo6. Outros alimentos que também auxiliam a redução de peso como o abacaxi, que através da bromelina, auxilia na quebra das proteínas, eficaz contra obesidade. A uva, que tem propriedades diuréticas recomendáveis aos que sofrem de pressão alta e obesidade. A alcachofra, que possui a cinarina, responsável pelo alto poder de digestibilidade encontrado na hortaliça. E a rúcula, que através da mirosina, auxilia na digestão gástrica e intestinal4. A Organização Mundial de Saúde publicou em 2002 um documento que divulgou os resultados científicos da Acupuntura em comparação com o tratamento convencional (medicação) para 147 doenças, incluindo a obesidade, resultando em supressão do apetite em 95% dos casos naqueles pacientes tratados com acupuntura6.
Em resumo, a alimentação saudável deve estar associada ao equilíbrio entre o trabalho e o descanso, já que estes influenciam as funções fisiológicas do corpo humano e podem acarretar em desordens nos mecanismos da energia!
Para o diagnóstico e tratamento dos desequilíbrios energéticos presentes no paciente, é importante consultar um nutricionista com formação em dietoterapia chinesa.
Por Roberta Diógenes Nutricionista – CRN 6/5946
Bibliografia Consultada 1 Kao TC. Dieta Tao. São Paulo: Pancast. Máster Book, 1999. 2 Kaufman D. Teoria básica da Medicina Tradicional Chinesa: Yin Hui He, Zhang Bai Ne. Editora Atheneu, 2002. 3 Chiralli IZ. Ventosaterapia: Medicina Tradicional Chinesa. São Paulo: Roca, 2001. 4 Martini L, Cardoso M, Santos MC. Medicina tradicional chinesa no tratamento da obesidade. [serial on the Internet] 2009; [cited 2015 Feb 18]; Avaliable from: https://siaibib01.univali.br/pdf/Laraine%20Martini%20e%20Maisa%20Cardoso.pdf 5 Fernandes FAC. Acupuntura Estética e no pós operatório de cirurgia plástica. São Paulo: Ícone, 2008; 53-118. 6 World Health Oraganization (WHO). Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. WHO Geneva, Swiss, Francs; 2002. The National Academies Press. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids (macronutrients). [serial on the Internet] 2005; 37:381-8 [cited 2012 Mai 18]; Avaliable from: https://www.nap.edu/catalog.php?record_id=10490