Segundo dados do IBGE (2014), o Brasil possui 21 milhões de pessoas com mais de 60 anos e 48,9% sofre de mais de uma doença crônica (hipertensão, diabetes, câncer…). Para continuar com saúde e disposição, prevenindo e tratando as doenças já instaladas, a alimentação é um ponto fundamental. Sob o ponto de vista nutricional, a desnutrição é bastante comum em idosos. São observadas alterações fisiológicas como alterações na dentição, que dificultam a mastigação; das funções digestiva, absortiva, gástrica e intestinal, que estão reduzidas (reduzindo assim a absorção dos nutrientes). É também freqüente a interferência da questão financeira. Com os baixos valores das aposentadorias, há a dificuldade de aquisição de maior variedade alimentar, o que reduz as chances do indivíduo ter acesso a todos os nutrientes necessários. Devido a inatividade, o idoso também apresenta alterações físicas, como a redução de massa muscular, muitas vezes em concomitância com a perda de função do músculo, mais conhecida como sarcopenia, aumentando risco de quedas e habilidade de preparo de refeições. A depressão é outro problema que freqüentemente está refletido na alimentação, pois o idoso passa a desenvolver tendência ao isolamento e perda de apetite. A perda do cônjuge ou de pessoa próxima é um dos principais fatores desencadeantes. Torna-se essencial a presença de familiares e cuidadores, os quais devem estar sempre atentos aos hábitos alimentares e a perda de peso, que em alguns casos pode ser sinal de alguma doença em desenvolvimento.
Então quais seriam as recomendações para a melhor idade? Confira abaixo.
O fracionamento aumentado e o volume reduzido das refeições, facilita o processo de digestão, absorção e aproveitamento dos alimentos. Portanto, é recomendável o consumo de quatro a seis refeições diárias, como por exemplo: desjejum, lanche manhã, almoço, lanche tarde e jantar. É importante que a refeição apresente aspectos agradáveis como: cor, sabor, aroma e textura;
O uso de carboidratos complexos (batata, arroz integral, mandioca, pães integrais) e fibras na dieta (aveia, farelo de trigo, frutas e hortaliças) são altamente indicados por serem importantes na prevenção e controle de doenças cardiovasculares, diabetes e obstipação intestinal, comuns nesta fase da vida;
Com relação às gorduras, recomenda-se que se reduza o uso de gordura saturada (carnes gordas, leites e derivados integrais, óleo de dendê e coco) e colesterol, dando preferência às gorduras insaturadas (óleos vegetais – soja, milho, canola, azeite de oliva – peixes, linhaça, oleaginosas – castanhas, nozes, amêndoas). Substituir as carnes gordas (porco, picanha, costela, contra filé) e os embutidos (lingüiça, salsicha, salame, mortadela, presunto), pelas carnes magras (filé mignon, coxão mole, patinho e lagarto) e carnes brancas (frango sem pele e peixes);
Os idosos devem ter cuidado para não restringir a alimentação a carboidratos e às formas líquida ou pastosa, como as sopas. Embora mais fáceis de ingerir e preparar, devem estar sempre acompanhados de frutas, verduras e proteína. Estas estão presentes especialmente nas carnes, ovos e laticínios.
A desidratação é um problema corriqueiro em idosos devido a redução da percepção de sede. A inadequada ingestão de água leva à problemas associados com hipertensão, elevação na temperatura corporal, obstipação intestinal, secura das mucosas e problemas renais (pela diminuição da excreção de urina). Portanto consuma de 4 a 6 copos de água, chás e sucos por dia;
O uso de suplementos polivitamínicos deve ser utilizado somente mediante orientação e prescrição de profissional capacitado (nutricionista ou médico), pois seu uso indiscriminado pode acarretar problemas. A vitamina A, por exemplo, é hepatotóxica quando em excesso.
Bibliografia: Bib Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso (Revista de Nutrição, vol.13, n.3, ano 2000) – Campos et al; A importância da nutrição na terceira idade (Revista Nutrição em Pauta) – Dr. Dan L. Waitzberg.
Por Amanda Oliveira Nutricionista – CRN 8/7460