Primeiros ensaios clínicos em humanos avaliam o impacto do consumo de chocolate amargo na cognição e outras funções cerebrais.
Nova pesquisa mostra que pode haver benefícios do chocolate amargo para a saúde ao consumir certos tipos. Achados de dois estudos apresentados em um encontro anual em San Diego (California) em abril deste ano, mostraram que consumir chocolate amargo com altas concentrações de cacau (mínimo de 70% cacau e 30% de açúcar orgânico) teve efeitos positivos nos níveis de estresse, inflamação, humor, memória e imunidade.
Mesmo já sabendo que o cacau é grande fonte de flavonoides, essa é a primeira vez que o efeito foi estudado em humanos para determinar como ele age na saúde cognitiva, endócrina e cardiovascular. Os flavonoides encontrados no cacau são agentes antioxidantes e anti-inflamatórios extremamente potentes, que trazem benefícios já conhecidos a saúde cerebral e cardiovascular.
O que foi descoberto?
Foram apresentados os seguintes estudos em pôsteres no encontro “Experimental Biology 2018”:
“Efeitos do chocolate amargo (70% cacau) na expressão genética humana: Cacau regula resposta imune celular, sinalização neuronal e percepção sensorial” – Esse estudo experimental piloto examinou o impacto do consumo de chocolate 70% cacau na imunidade humana e na expressão genética de células dendríticas, com foco nas citocinas pró e anti-inflamatórias. Os achados mostram que o consumo do cacau regula múltiplos mecanismos de sinalização intracelular envolvidos na ativação de células T, resposta imune celular e genes envolvidos na sinalização neuronal e percepção sensorial – esta última potencialmente associada ao fenômeno de hiperplasticidade cerebral.
“Dark Chocolate (70% Organic Cacao) Increases Acute and Chronic EEG Power Spectral Density (μv2) Response of Gamma Frequency (25-40Hz) for Brain Health: Enhancement of Neuroplasticity, Neural Synchrony, Cognitive Processing, Learning, Memory, Recall, and Mindfulness Meditation” – Esse estudo avaliou o efeito do consumo de chocolate amargo (70% cacau) em um curto período (30min) e depois o efeito crônico (após 120min) nos resultados do eletroencefalograma dos sujeitos participantes da pesquisa, mais especificamente na frequência Gama. Os resultados mostraram que o chocolate melhora a neuroplasticidade, sincronia neural, processos cognitivos, aprendizado, memória, recordação, e atenção plena.
A Drª que encabeçou a pesquisa, Drª Lee Berk, declarou que “durante anos pesquisamos a influência do chocolate amargo na função cerebral do ponto de vista da concentração de açúcar – quanto mais açúcar, mais felizes ficamos. Essa é a primeira vez que observamos o impacto de grandes concentrações de cacau em barras de chocolate de tamanhos regulares (48g), em humanos por um curto ou longo período de tempo, e os achados são promissores. Esses estudos mostram que quanto maior a concentração de cacau, maior é o efeito positivo na cognição, memória, humor, imunidade, entre outros”.
Qual o resultado disso tudo?
É importante destacar que esses são resultados preliminares que foram expostos somente em pôsteres na conferência anual. Foram números pequenos de participantes em cada estudo, e os resultados ainda precisam ser avaliados em outras populações maiores.