A privação crônica do sono ou a redução na duração do tempo de dormir tem aumentado progressivamente na sociedade moderna e capitalista. O estilo de vida atualmente imposta pela demanda de trabalho, familiar, social ou ainda distúrbios físicos e psíquicos tem influenciado na redução das horas em que passamos dormindo. Uma boa noite de sono é importante para o bem estar-físico e mental, e o adulto requer uma média de 7 a 8 horas de sono em um período de 24h. A redução dessas horas de sono e sua relação com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade e diabetes, tem chamado atenção de pesquisadores e profissionais da saúde. A privação total ou parcial do sono desencadeia alterações hormonais como elevação nos níveis de cortisol (“hormônio do estresse”) e diminuição nos níveis de GH (hormônio do crescimento), fatores que favorecem a resistência à insulina e, consequentemente, aumento do risco do desenvolvimento do diabetes. Outro impacto é em relação aos hormônios envolvidos na regulação do apetite, com diminuição nos níveis de leptina (hormônio da saciedade) e aumento nos níveis de grelina e orexina (hormônios estimulantes do apetite), potencializando, assim, a ingestão alimentar e reduzindo o gasto energético, fatores envolvidos no ganho de peso e obesidade. Além do mais, alguns estudos já evidenciam que a privação do sono pode influenciar na preferência por alimentos mais calóricos, principalmente aqueles ricos em carboidratos simples, como os doces, massas e pães. A figura a seguir ilustra o impacto da privação do sono sobre as alterações hormonais e desenvolvimento do diabetes e da obesidade: O dormir pouco também está relacionado com a “queda” do sistema imunológico, responsável pelas defesas do nosso organismo. A privação de sono induz a elevação do cortisol, o qual também exerce um efeito imunossupressor. Como consequência, ficamos mais susceptíveis às infecções. Portanto, abra os seus olhos para o sono! Quem dorme bem é mais feliz e aqueles que não dormem não podem tirar de si o seu melhor.
Por Daniela Torralbo – Nutricionista CRN 3/36620
Bibliografia consultada: Naves, A. Nutrição Clínica Funcional: obesidade. VP, 2014. 450p. Palma BD, Tiba PA, Machado RB et al. Repercussões imunológicas dos distúrbios do sono: o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal como fator modulador. Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(Supl I):S33-8.