No post Mindfulness: o que é e por que está se falando tanto no assunto? eu afirmo que precisamos ter em mente que a prática de Mindfulness não envolve apenas prestar atenção, intencionalmente, na experiência presente. Também é fundamental o como prestamos atenção, como agimos diante do que percebemos e/ou vivenciamos.
Se pudéssemos colocar Mindfulness numa equação ele seria o somatório entre intenção, atenção e atitudes (Shapiro, 2003). Vamos entender melhor?
Tudo começa com intenção e atenção. Essa é base.
Intenção é: o que te leva a praticar? O que te motiva a praticar?
Ter essa clareza é condição necessária para sustentar o compromisso e a disciplina com a prática. Permite também que você possa buscar espaços e propostas que estejam alinhados com o que você busca.
Atenção é: onde está a sua atenção e no que você presta atenção.
Nas palavras de William James, psicólogo americano: “A realidade está onde você coloca a sua atenção”. Ou seja, a nossa realidade é construída através do que escolhemos, consciente ou inconscientemente, prestar atenção. Portanto, saber onde está a sua atenção é vital!
As atitudes, por sua vez, são o que faz a diferença.
Elas nos convocam a refletir sobre a nossa ação no mundo e nos convidam a experimentar um novo olhar e uma nova postura diante da vida e de tudo que notamos e apreendemos. Elas são necessárias tanto à vivência das práticas quanto se desenvolvem a partir das práticas.
E quais são as atitudes treinadas em Mindfulness?
Vamos conhecer algumas das atitudes praticadas em Mindfulness:
1. Mente de principiante
É a mente da criança; curiosa, flexível. Cada momento é único e contem possibilidades únicas. Muitas vezes deixamos que os nossos pensamentos e as nossas crenças sobre o que ‘sabemos’ nos criem obstáculos e nos impeçam de ver as coisas como elas são e a reconhecer o potencial de mudança que existe em nós e no mundo a nossa volta.
2. Aceitação
Muitas vezes confundida com passividade ou resignação, é exercitada na prática de Mindfulness como um processo ativo de reconhecer a sua experiência num dado momento, acolher o que surge, abandonando o pensamento de como as coisas deveriam ser para se dar conta e lidar com o que as coisas são.
3. Não julgamento
Julgamentos são apenas julgamentos e não a realidade em si. Com a prática vamos aprendendo a reconhecer o fluxo de julgamentos na mente, sem tentar pará-lo ou alterá-lo, mas ganhando consciência da sua presença e da sua influência em nossas percepções e ações.
4. Gentileza
É uma qualidade afetiva que se expressa na maneira como nos relacionamos com a nossa experiência e a experiência do outro. Envolve reconhecer e acolher o sofrimento com delicadeza e amabilidade.
5. Deixar ir
Cultivamos uma atitude de desprendimento em relação ao que não nos é útil, ao que nos mantém presos a certezas e verdades absolutas, ao que nos impede de cultivar uma visão clara e estável de nossas relações e experiências.
6. Gratidão
A prática de gratidão tem uma estreita relação com o bem-estar. Ela nos convida a sair da “lógica” da escassez, do que nos falta, e a nos conectar com a “lógica” da abundância, daquilo que já temos. Ela amplia a nossa a visão contribuindo para uma maior resiliência e saúde emocional.
Lembre-se: Cada uma das atitudes praticadas em Mindfulness é uma porta de entrada para as demais.
Como toda e qualquer habilidade estas atitudes podem ser cultivadas e fortalecidas com a prática. Elas são um convite para uma nova forma de ser e estar no mundo.