Os órgãos dos sentidos do ser humano captam cerca de 87% de suas percepções pela visão, 9% pela audição e os 4% restantes por meio do olfato, do paladar e do tato. A aceitação do produto alimentício pelo consumidor está diretamente relacionada a sua cor! Por essa razão, o setor alimentício preocupa-se tanto com a aplicação de cores e obtenção de alimentos que agradem aos olhos do consumidor, através dos corantes alimentares.
Diante deste universo de cores, os corantes alimentares são aditivos definidos como toda substância que confere, intensifica ou restaura a cor de um alimento.
Vejamos, a seguir, os tipos de corantes alimentares existentes.
TIPOS DE CORANTES
Existem três categorias de corantes permitidas pela legislação para uso em alimentos: os corantes naturais, o corante caramelo e os corantes artificiais. Considera-se corante natural, o pigmento ou corante inócuo extraído de substância vegetal ou animal. O corante caramelo é o produto obtido a partir de açúcares pelo aquecimento em temperatura superior ao seu ponto de fusão. Já o corante artificial ou sintético é a substância obtida por processo de síntese.
Natural
Comercialmente os tipos de corantes alimentares naturais mais empregados pelas indústrias alimentícias têm sido:
- Extratos de urucum: obtido da semente do urucuzeiro, planta originária das Américas Central e do Sul. Coloração: vermelho.
- Carmim de cochonilha: extraído de insetos da espécie Dactylopius coccus Costa, presente em balas, sorvetes, recheio de biscoitos. Coloração: rosa.
- Curcumina: presente nos rizomas da cúrcuma (Cúrcuma longa). Coloração: amarelo
- Antocianinas: amplamente distribuídas em flores, frutos . Coloração: roxo
Caramelo
Um dos mais antigos aditivos utilizados para coloração do produto final. Cor que pode variar da amarelo-palha à marrom escuro até quase negro. No Brasil, o seu uso é permitido, entre outras aplicações, em molhos, gelados comestíveis, biscoitos, doces, bebidas alcoólicas e refrigerantes, destacando-se principalmente no sabor cola e guaraná.
Artificiais
Os corantes alimentares artificiais são uma classe de aditivos sem valor nutritivo, introduzidos nos alimentos e bebidas com o único objetivo de conferir cor, tornando-os mais atrativos aos olhos do consumidor. Os produtos industrializados são os que mais contêm estes aditivos.
Os principais corantes artificiais permitidos no Brasil são:
- Amarelo de Tartrazina: É o corante que deixa os salgadinhos com aquela cor amarela. Presente em bala, goma de mascar, gelatina, caldo de carne, suco de uva, laticínios, licores, fermentados. Ela pode estar cifrada sob o código INS 102 do sistema de numeração da Organização Mundial de Saúde (OMS)”.
Atenção: A tartrazina muitas vezes está mascarada, pois em preparações pouco ácidas, se torna vermelha e se misturada a corantes azuis, ela adquire uma coloração verde.
No Brasil, nos EUA e na Inglaterra seu uso deve ser indicado nos rótulos. - Amarelo crepúsculo: Presente em bolos, refresco em pó, sopas, margarinas, gelatinas, energéticos, macarrão instantâneo, sorvetes. Banido na Finlândia e Noruega.
- Vermelho bordeaux (mistura de amaranto e azul brilhante): Presente em cereais, balas, sorvetes, geleias, laticínios. Banido nos EUA, na Áustria, Noruega e Rússia.
- Vermelho eritrosina
Presente em pós para gelatinas, laticínios, refrescos em pó, geleias. Banido nos EUA e na Noruega. - Vermelho ponceau 4R
Presente em frutas em caldas, balas, cereais, bebidas, laticínios, sobremesas. Banido nos EUA e na Finlândia. - Azul de Indigotina
Usado em goma de mascar, iogurte, balas, caramelos, pós para refrescos artificiais. - Vermelho 40
Usado em alimentos à base de cereais, balas, laticínios, recheios, sobremesas, xaropes para refrescos, refrigerantes, geleias. Banido na Alemanha, Áustria, França, Bélgica, Dinamarca, Suécia e Suíça. - Azul brilhante
Usado em Laticínios, balas, cereais, queijos, recheios, gelatinas, licores, refrescos. Banido na Alemanha, Áustria, França, Bélgica, Noruega, Suécia e Suíça. - Azorrubina
Proibido nos Estados Unidos. - Verde Rápido
Proibido nos países da União Européia. - Azul Patente V
Proibido nos Estados Unidos, porém é liberado para uso em alimentos nos países da União Européia.
Corantes Alimentares Artificiais e Riscos Alergênicos
Estudos recentes apontam a relação entre o consumo de corantes artificiais com o desenvolvimento de reações alérgicas, ou seja, reação adversa a determinada substância que envolve um mecanismo imunológico e tem apresentação clínica muito variável, com sintomas que podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal e respiratório.
Sintomas
Além da irritação intestinal e estomacal, os principais sintomas “alérgicos” diante o consumo dos corantes artificiais, são:
- Inchaço no rosto
- Vermelhidão pelo corpo
- Coceira
- Enjoo
- Falta de ar/ fadiga
- Crises asmáticas
- Broncoespasmos
- Rinite
- Eczemas
Adicionalmente, a reação adversa ao corante pode causar cefaléias, insônia, dores nas articulações e mal estar geral. Os sintomas podem aparecer ou logo após o consumo dos alimentos ou algumas horas depois. Apesar de ser natural, o corante “cochonilha” também pode desencadear reações alérgicas.
Deu alergia. E agora?
- Deve sempre procurar um médico especialista e, se ficar confirmado que a alergia é pelo corante contido nos alimentos, a orientação será primeiramente tirar do cardápio qualquer tipo de alimento que contenha corante.
- Leia sempre os rótulos dos alimentos consumidos. Geralmente, você irá encontrar nos produtos as seguintes mensagens: “Aromatizado e Colorido Artificialmente” e na lista de ingredientes “Corante Artificial Amarelo” ou “Amarelo 5” ou “Yellow 5”, entre outros.
Por Daniela F. Torralbo
Nutricionista CRN3 – 36620