Óleo de coco, o queridinho do momento. Mais um alimento é elevado ao topo do pedestal. Aliás, esse é um movimento que a ciência deveria estudar mais: Como os alimentos chegam ao patamar de milagres da alimentação?
Por que, em se tratando de alimentação e emagrecimento, a população joga o senso crítico para escanteio e começa a idolatrar ou demonizar certos alimentos, nutrientes ou grupos alimentares completos? Seguindo a tendência dos modismos alimentares, as pessoas são bombardeadas por informações da mídia sobre alimentos “vilões” ou “milagrosos” e ficam cada vez mais confusas…
Nós nutricionistas somos sempre questionadas sobre a eficácia desses alimentos da moda para o emagrecimento. E a resposta quase sempre é: DEPENDE!
Vamos ver o que sabemos sobre o óleo de coco até agora? Assim podemos entender melhor se ele realmente é esse milagre todo.
Vamos falar sobre ciência! Como o que ela descobre chega até você?
É muito complicado falar sobre estudos científicos para a população que não está inserida no meio acadêmico. Principalmente porque a forma como essa informação precisa ser passada cientificamente é COMPLETAMENTE diferente da forma midiática.
O maior problema da forma como as informações científicas são passadas para a população pela mídia é: A GENERALIZAÇÃO.
Os estudos científicos têm níveis de “importância”.
- Por exemplo: o que um cientista descobriu em UMA pessoa, ao acompanhá-la por um tempo, muito provavelmente não vai ser observado em todas as pessoas do mundo. Então esse tipo de estudo é considerado menos importante no grau de evidências que ele forneceu.
- Já um estudo com MUITAS pessoas (tipo, perto de 1 milhão), em que muitas coisas são observadas, controladas, feitas de maneira mais imparcial possível e que duram bastante tempo, terão muito mais importância em nível de evidência.
Acontece que, normalmente, a mídia pega um estudo científico bem fraquinho e diz que aquilo é uma solução BOMBÁSTICA pra todos os problemas do mundo. O nome disso é generalização ou extrapolação no meio acadêmico.
Sua mãe estava certa! Quando você dizia que queria uma roupa da marca X, porque todo mundo tinha uma. Ela dizia: “VOCÊ NÃO É TODO MUNDO!”. A generalização é o mesmo que dizer que TODO MUNDO é igual, reage da mesma forma às coisas, pensa igual, etc.
Então:
- sabemos que os estudos científicos têm níveis de importância/evidência diferentes;
- sabemos que a generalização é dizer que TODO MUNDO é igual;
- estamos consciente de que um estudo científico não é uma verdade absoluta e precisa ser olhado com muita atenção, comparação e senso crítico.
Vamos ao que já sabemos sobre o óleo de coco de várias perspectivas… Assim você decide se ele é bom ou não PRA VOCÊ!
De onde vem o óleo de coco que está nas prateleiras?
O óleo de coco extra-virgem é o mais usado na alimentação, é extraído a partir do coco fresco e não passa por refinamento. Não há definição específica para a versão extra-virgem, mas no geral, o virgem vem da parte marrom fibrosa do coco e o extra-virgem da parte branca. O preço médio da versão extra-virgem varia entre 25 e 40 reais por 500mL.
Já o óleo de coco refinado é produzido a partir do coco seco e perde parte das vitaminas, minerais e antioxidantes. É utilizado para uso industrial, porque pode ser bastante aquecido sem que ele fique queimado e crie substâncias tóxicas.
Como o óleo de coco está sendo usado na alimentação?
Na alimentação do dia a dia, o óleo de coco é utilizado como substituto sem lactose da manteiga, para refogar em substituição aos óleos vegetais (soja, canola, girassol,etc), em receitas de bolos e também para temperar pratos prontos, como carnes, peixes e vegetais. Além disso, as pessoas tem o consumido puro de 15 a 20 minutos antes das refeições para promover a saciedade. No mercado existem as versões sabor laranja e limão, além da opção em cápsulas. Essas versões foram criadas para disfarçar o sabor forte do produto.
Tá… mas o que é o óleo de coco, nutri?
O óleo de coco é uma gordura saturada de acordo com sua estrutura química, o que à princípio seria pior para a saúde cardiovascular, porém possui algumas particularidades que explicariam seus possíveis benefícios.
No geral quanto mais saturada a gordura, mais sólida é à temperatura ambiente. Mas o óleo de coco foge a essa regra, já que é formado por moléculas menores: os chamados ácidos graxos de cadeia média. Por serem menores, essas gorduras são mais rapidamente absorvidas e queimadas pelo corpo.
O Milagre do Óleo de coco e seus benefícios?!
A mídia atribui benefícios para emagrecimento, imunidade, osteoporose, controle de diabetes e Alzheimer, ações antifúngica, antiviral e antibacteriana.
Contudo, vale lembrar que o óleo de coco industrializado é um fenômeno novo e que quando fazia parte de uma dieta tradicional, estava inserido em um padrão de alimentação com poucos alimentos industrializados, não passava pelas etapas de produção em larga escala e o estilo de vida das populações estudadas era totalmente diferente do estilo ocidental.
Nutri, óleo de coco emagrece?
Enfim, não é o óleo de coco que resolve o sobrepeso, obesidade ou doenças cardiovasculares. Nem é ele que vai causar sobrepeso, obesidade ou problemas cardiovasculares, sozinho.
Não há evidências de que o óleo de coco emagreça e o uso exagerado pode levar a prejuízos à saúde. O óleo de coco não é recomendado como substituto total dos outros óleos e gorduras e como suplemento alimentar, mas pode ser incluído como qualquer outro alimento, de forma equilibrada.
Dentro de um conjunto de fatores (alimentação de maneira geral, atividades físicas, sono adequado, emoções mais controladas (menos estresse), etc), o óleo de coco pode sim ter um papel interessante no emagrecimento. Porém deve-se ter em mente que o uso do óleo de coco é uma SUBSTITUIÇÃO aos outros tipos de gorduras encontradas no mercado. E que, dependendo do seu objetivo para essa gordura, ele pode ser uma opção melhor ou pior.
Afinal, DEPENDE!
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