Pare. Feche os olhos. Solte os ombros. O que está presente?
Esta é uma prática simples que nos convida a criar espaço para uma experiência um tanto quanto rara nos dias de hoje: a experiência do silêncio.
Em meio a tantos ruídos e estímulos, rodeados por pensamentos, emoções e sensações que disputam entre si a nossa atenção, puxados e empurrados de um lado para o outro, sem um tempo e um espaço para cultivar a presença, perdemos a clareza e o discernimento do que surge, do que se mostra, momento a momento, dentro e fora de nós.
Pare. Sinta o seu corpo. Ouça.
Visualize um globo de neve. Ao sacudi-lo os flocos se agitam tornando difícil discernir o que existe em seu interior. Quando paramos de agitá-lo e observamos, pouco a pouco, os flocos se assentam no fundo do globo e, assim, conseguimos ter uma maior clareza do que se tem dentro dele.
Pense na mente como uma espécie de globo de neve. Quando agitada e instável perde a nitidez e a inteligibilidade. Torna-se difícil acessar o que está presente. Sem essa consciência operamos de maneira mecânica, reativa, pouco intuitiva e ficamos sujeitos a realizar escolhas pouco congruentes com os nossos valores e projetos de vida.
Pare. Esteja presente no silêncio.
A prática do silêncio tem suscitado uma série de reflexões em variadas culturas ao longo de diferentes épocas sob uma multiplicidade de perspectivas.
Para alguns ela é a forma mais eficaz de estarmos em contato com o nosso mundo interno; por meio do silêncio nos tornamos mais conscientes. Para outros ela é uma prática de resistência à lógica mecânica e a hiperconectividade da vida moderna.
Enquanto o ruído distrai o silêncio revela.
Para a ciência, o silêncio é necessário para que o nosso cérebro analise e organize as informações e as experiências às quais foi exposto durante o dia, retendo e transformando informação relevante em conhecimento e descartando informação não relevante. Assim, períodos estruturados e intencionais de silêncio na rotina são recomendados como medida de saúde.
Como fazer a prática do silêncio?
Escolhendo parar e estar em silêncio. Simples, não?
- Fazemos isso quando meditamos.
- Fazemos isso quando caminhamos pela natureza.
- Fazemos isso quando estamos presentes em nossa experiência.
Quando silenciamos, com curiosidade e gentileza, criamos espaço para ancorar a nossa mente, para ouvir o que ela tem a nos dizer. Criamos espaço para ouvir o nosso corpo, senti-lo e nos apropriarmos dele. Oferecemos a nossa mente-corpo as condições de estabilidade para assentar e organizar as informações assimiladas, fazer sentido delas, atribuir significados e ter mais consciência de nós mesmos criando, assim, um espaço de reflexão em nosso cotidiano.
Que tal praticar um pouco de silêncio?
Pare…