A importância da microbiota intestinal humana nos processos de saúde e doença vem sendo estudada há mais de um século. Os probióticos, bactérias naturais do organismo, que são responsáveis pela colonização do intestino e pelo equilíbrio da flora intestinal, têm ficado mais populares em função de uma série de estudos que apontaram sua ação no processo de emagrecimento e de controle do peso corporal. Estudos anteriores já haviam constatado que a flora intestinal de indivíduos obesos é diferente da de pessoas magras. O motivo dessa diferença é que uma dieta rica em gordura e pobre em fibras promove o crescimento de certas bactérias em detrimento de outras. Um experimento francês mostrou que a obesidade leva à mudanças na quantidade relativa das duas divisões bacterianas dominantes no intestino, Bacteroides e Firmicutes. Em indivíduos obesos, ha uma proporção menor de Bacteroides e maior de Firmicutes em comparação com pessoas magras. Foi observado que a microbiota mais comum no obeso possuía maior capacidade de absorver energia da dieta, resultando em um aumento da glicemia e do armazenamento de glicose em forma de gordura (lipogênese). Em estudo realizado por pesquisadores japoneses com o probiótico Lactobacillus gasseri, observou-se uma redução significativa de gordura visceral e subcutânea, no ganho de peso, IMC e circunferência da cintura e quadril de adultos com sobrepeso e obesidade que consumiram o microorganismo durante doze semanas. Sabe-se que pessoas obesas reconhecem menos a leptina, hormônio secretado pelo tecido adiposo que age no sistema nervoso central (SNC) promovendo menor ingestão alimentar. A hipótese e de que a administração do Lactobassilus gasseri impede o aumento da leptina – que, durante o processo de emagrecimento fica desequilibrada e envia estímulos que elevam a fome. Importante ressaltar que os probióticos tendem a beneficiar mais as pessoas que mantém uma alimentação saudável, com baixo teor de gordura e açúcar e ingestão de fibras adequada.
Como consumir probióticos?
Alguns alimentos lácteos fermentados, como os iogurtes e leites fermentados, contêm probióticos por terem sido enriquecidos com os micro-organismos em seu processo de fabricação. Porem estes produtos contém conservantes, corantes, açúcar e adoçantes artificiais que podem matar as bactérias antes que elas possam repovoar o intestino. Além disso, para trazer benefícios é preciso que o produto contenha doses altas de probióticos, em torno de 10 bilhões de microorganismos ou 10 UFC (unidades formadoras de colônia). Essa informação costuma estar presente no rótulo dos produtos. Chucrute, derivados da soja, missô, kefir (espécie de leite fermentado natural), são as melhores fontes naturais de probióticos. Atualmente também é possível optar pelos suplementos isolados de probióticos, comercializados em cápsulas ou saches. Bibliografia Consultada: Rodrigues, Alessandra. Microbiota Intestinal e sua Possível Relação com a Obesidade. Abeso 53, Outubro 2011. Brancher, Jessica Speranza. Uso de probioticos no tratamento da obesidade: uma revisão sistematica. UFRG, 2014.
Por Amanda Oliveira Nutricionista – CRN 8/7460