A introdução alimentar é um momento muito importante na vida da criança, pois é através dela que ela começará a conhecer o mundo dos alimentos: seus diversos sabores, cores e texturas. Vamos aprender mais sobre ela?
Em que idade começar a introdução alimentar do meu bebê?
Em primeiro lugar vamos lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno EXCLUSIVO até o 6º mês de vida, ou seja, antes disso nada de alimentos, ok?
Além de esperar seu bebê fazer os 6 meses, também é importante aguardar os seguintes sinais de prontidão:
- Seu bebê já consegue ficar sentado sem ajuda ou com o mínimo de apoio?
- Ele mostra interesse pelos alimentos dos adultos?
- Consegue levar brinquedos e objetos até a boca?
- Consegue ficar com a cabeça firme?
Se todas as respostas foram SIM, então vamos iniciar a introdução alimentar! 🙂
Como começar a introdução alimentar?
Hoje tem se falado muito sobre o método BLW e, pelo contrário dos que muitas pessoas pensam, não significa comer com as mãos e comer em pedaços. Esse método é sobre respeitar o bebê, dar autonomia, dar OPORTUNIDADE!
Sim! Oportunidade dele pegar, cheirar, colocar na boca, comer (ou não), jogar no chão, etc. Essa é a forma dele conhecer esse novo mundo!
Quer entender um pouco mais sobre esse método? Então leia essa matéria: Conheça o Método BLW de Introdução alimentar Participativa para seu bebê
O principal é você ter consciência que o seu bebê tem que comer a quantidade que ELE quer, não a que VOCÊ quer. Isso é respeitar!
Vamos pensar da seguinte maneira: Seu bebê nasceu e passou 6 meses mamando exclusivamente no seu peito. Você sabia a quantidade exata de leite que ele tomava em cada mamada? Não, né? Era seu filho que simplesmente largava o peito e você entendia que ele estava satisfeito!
Então, porque você acha que depois de 6 meses ele não sabe mais a quantidade que deve comer? ELE SABE!
11 dicas iniciais para a introdução alimentar
Dica 1: Escolha um ambiente tranquilo!
De preferência junto com o pai e a mãe, sem muita plateia assistindo e livre de distrações como tablets, televisão e brinquedos;
Dica 2: Coloque o bebê sentado no cadeirão e apresente os novos alimentos a ele
Independente se você for oferecer os pedaços ou papinha, sempre converse com seu filho e explique o que tem no prato dele;
Dica 3: Não se limite apenas às frutas
Elas podem ser o primeiro alimento a ser ofertado, mas você também deve incluir alimentos de outros grupos;
Dica 4: Seu filho ainda não sabe que a comida “mata a fome”!
Caso você perceba que seu filho está agitado/chorando de fome, não adianta colocá-lo no cadeirão e deixar lá os alimentos disponíveis, ele ainda não sabe que a comida alimenta! Nesse caso, amamente seu filho e depois tente novamente. Nesse primeiro momento a comida é mais curiosidade. Lembre-se que tudo é novidade e é normal ele rejeitar a comida no começo.
Dica 5: A alimentação deve complementar o leite materno, não substituí-lo!
Se seu filho em algum momento pedir para mamar, AMAMENTE-O! Independente se ele quer mamar antes, durante ou após a refeição, o leite materno é liberado e continua sob livre demanda, ou seja, na hora que ele quiser. O leite materno NÃO atrapalha a absorção do Ferro e nem vira água com o tempo e ele deve ser mantido, mesmo com alimentação, até os 2 anos ou mais, pois ele continuará alimentando e protegendo seu filho de doenças;
Dica 6: Lembre de hidratar seu bebê!
Com a introdução alimentar também é importante iniciar a oferta de água, que deve ser a mais limpa possível (tratada, filtrada e fervida). Já os sucos, mesmo que os naturais, devem aguardar até a criança completar 1 ano;
Dica 7: Não faça chantagens ou ofereça recompensas!
“Se não comer tudo, não vai brincar”, “Come só mais uma colher pra mamãe ficar feliz”, “Come! A mamãe preparou com tanto carinho pra você”, “Se não terminar de comer, não vai comer a sobremesa” – Essas práticas não são recomendadas e pode levar seu filho a comer para te deixar feliz ou pela recompensa. Mas, essas práticas tão comuns há anos atrás, podem prejudicar a capacidade de autocontrole sobre a ingestão de alimentos do seu filho. Além disso, se você está oferecendo um prêmio, dá a impressão que comer é algo horrível. Comer não é castigo!
Dica 8: Não faça aviãozinho!
Uma prática que parece tão inocente, né? Mas se seu filho consegue levar um brinquedo a boca, ele também consegue levar o alimento. Dê autonomia à ele! Coloque a comida na colher e espere que ele tenha interesse e venha colocar a boca na colher e não o contrário!
Dica 9: Seja o exemplo!
Papai e mamãe, é importante vocês estarem presentes durante as refeições e serem exemplo para o seu filho. Não adianta dizer que ele não pode tomar refrigerante, se em todas as refeições vocês consomem, né?
Dica 10: Não faça horários rígidos para as refeições!
O ideal é comer no mesmo horário da família, principalmente porque ele vai aprender a comer vendo você comer, mas se seu filho estiver dormindo nesse momento, você não precisa acordá-lo. Ele não precisa comer sempre no mesmo horário. O que é importante é fazer as refeições regularmente, ou seja, de 2 a 3 horas de intervalo de cada uma.
Dica 11: Tenha consciência que seu filho sabe quanto deve comer!
Como deve ser o esquema alimentar na introdução alimentar?
Com 6 meses seu filho deve fazer pelo menos 3 refeições por dia, além do aleitamento materno sob livre demanda (sempre que seu bebê quiser).
- duas frutas, uma no lanche da manhã e outra no lanche da tarde
- e uma refeição/papa principal (almoço ou jantar).
As frutas podem ser dadas em pedaços (BLW), amassada ou raspada.
Nutri, mas afinal, dar a comida em pedaços ou dar papinha?
O ideal é você saber como é o ritmo da sua casa e o que fica mais viável pra você! O importante é ter paciência, pois, independente da forma, ele vai se sujar, vai jogar no chão, passar no cabelo – a bagunça é certa!Se você quiser oferecer papinha, não tem problema nenhum nisso, ok?
Pontos importantes em relação a papinha do bebê
- Não compre papinhas industrializadas
- Não liquidifique e nem peneire a papinha do seu bebê: Os alimentos devem ser apenas amassados com um garfo. O ato de liquidificar e peneirar deixa os alimentos mais líquidos, quando devem ser mais espessos, além de retirar a fibra dos alimentos.
- Nada de papinha tudo junto e misturado: Lembre que a fase de introdução alimentar é o momento do seu filho conhecer os alimentos. Vamos imaginar o seguinte: se eu fizer uma sopa com vários ingredientes, bater tudo no liquidificador e te der pra comer, será que você vai saber identificar tudo que eu coloquei nela? Provavelmente não, né? Imagina o seu filho que nem conhece os alimentos ainda! Nessa fase é MUITO IMPORTANTE você apresentar os alimentos separados para que ele possa conhecer o sabor e a textura de cada um deles. Além disso, o prato fica muito mais colorido e bonito pra ser apresentado para o seu filho.
- Não esqueça de ir evoluindo gradativamente a consistência dos alimentos: Entre 9 e 12 meses seu bebê já deve estar consumindo alimentos com a mesma consistência da família.
O que colocar no prato do bebê na refeição principal?
Independente se você for apresentar a comida em pedaços ou em forma de papinha, é importante que no prato do seu filho esteja presente esses 5 grupos de alimentos:
- 1 alimento do grupo dos cereais ou tubérculos: Arroz, batata, macarrão, polenta, milho, mandioca, etc.
- 1 alimento do grupo das leguminosas: Feijão, lentilha, ervilha, grão de bico
- 1 alimento do grupo das verduras/verde escuros: Couve, espinafre, brócolis, etc
- 1 alimento do grupo dos legumes: Abóbora, cenoura, beterraba, abobrinha, etc
- 1 alimento do grupo de carnes e ovos: Porco, peixe, frango ou ovo
4 Dicas para a refeição principal
- As carnes, como não são possíveis de amassar, você pode oferecer em pedaços (BLW) ou na forma de carne moída ou desfiada.
- Os feijões devem ser ofertados apenas amassados com um garfo. A partir dos 8 meses já pode ser ofertado o grão inteiro.
- Aposte na umidade da comida – comidas mais molhadinhas são mais bem aceitas pelas crianças!
- O grupo das frutas também pode ser adicionado como “sobremesa”, se esse for o costume da família.
IMPORTANTE! É normal a criança não gostar de alguns alimentos, mas não desista logo na primeira tentativa, pois todo sabor pra ele nessa fase é uma novidade – lembre-se que agora seu filho vai conhecer sabores mais azedos, amargos, doces.
Algumas crianças precisam provar mais de 8 vezes o alimento para gostar dele. A dica é: Ofereceu e não gostou? Deixe passar alguns dias e ofereça novamente. Você pode ir modificando a maneira de prepará-lo. Por exemplo: cenoura ralada, cenoura cozida, purê de cenoura, mudar o tamanhos e forma dos cortes, etc.
Confira também 9 Dicas para lidar com a Seletividade Alimentar infantil e incluir com sucesso novos alimentos na rotina do seu filho!
E as receitas, posso incluir preparações na introdução alimentar?
O ideal é você começar a oferecer receitas a partir dos 9 meses. Crepioca, bolinho de banana, panquecas, estrogonofe…são muitas preparações! Mas, vamos deixar essas receitinhas para quando seu filho já tiver conhecido o sabor da banana, do ovo, da carne, isoladamente, ok?
Aquelas preparações mais básicas que levam apenas um alimento e os temperos, não tem problema! Exemplos: omelete, hambúrguer caseiro, feijão, etc.
E, depois dos 9 meses, lembre-se de fazer preparações saudáveis, sem adição de açúcar/mel/adoçante e sem leite de vaca.
Alimentos que não deve-se utilizar antes de 1 ano do seu bebê
- Sal – não é necessário incluir sal nos alimentos. Para temperar utilize SEMPRE TEMPEROS NATURAIS como alho, cebola e ervas. Nada de temperos industrializados, hein?
- Sucos – mesmo que seja natural. Se seu filho tiver sede ofereça água sempre! As frutas podem ser oferecidas como sobremesa.
- Oleaginosas
- Leites e derivados
Alimentos que não deve-se utilizar antes dos 2 anos do seu bebê
- Doces
- Refrigerantes
- Açúcar
- Adoçante
- Mel
- Alimentos ultraprocessados: molhos prontos, biscoitos, salgadinhos, embutidos, etc.
Quer saber mais por que devemos aguardar para oferecer açúcar para nossos filhos? Confira essa matéria: Nutri, meu filho pode comer doce?
Organização é o carro chefe para uma introdução alimentar saudável e de sucesso!
Sabemos que fazer comida não é um processo fácil, mas pense na saúde do seu filho e se programe. Tire um dia da semana e deixe preparado alguns alimentos e congele em pequenas porções, assim você não precisa ir pra cozinha todos os dias! 🙂
Confira nessa matéria como congelar os legumes e verduras para facilitar as preparações!
Agora, compartilha com as vovós, cunhadas e a família toda essa matéria, para que eles te ajudem nessa missão da introdução alimentar com RESPEITO! E deixe os famosos palpites de lado, principalmente aquele conhecido: “Vocês sempre comeram isso e estão vivos” – Afinal, queremos filhos saudáveis, não sobreviventes!
Não perca a oportunidade de oferecer pro seu filho uma alimentação saudável, a saúde dele agradece!