obesidade infantil

Seu filho está acima do peso? Entenda as razões da explosão da obesidade infantil no Brasil

Foi-se o tempo em que a preocupação com o acúmulo de gordura era exclusiva dos adultos! Estar acima do peso não é mais apenas um problema de estética que pode levar seu filho a enfrentar na escola apelidos desagradáveis, constrangimentos, preconceitos, exclusão social e até agressão física sem razão. Além dessa complicação social absurda bem conhecida como bullying – que por si só já causa um prejuízo emocional enorme aos pequenos – a obesidade infantil se tornou nos últimos anos um grave problema de saúde pública, atingindo níveis alarmantes no Brasil e em todo o mundo. Entre a década de 80 e o ano de 2013, a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil no mundo quase dobrou (+47,1%). Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) do ano passado, pelo menos 41 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade estão acima do peso ou são obesas.
No Brasil, apesar de mais da metade da população adulta ter excesso de peso, é na população infantil que os dados são mais alarmantes. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), uma em cada três crianças brasileiras entre 5 e 9 anos está acima do peso recomendado pela OMS. Entre os brasileirinhos de 6 a 19 anos, os índices de sobrepeso chegam a 15% e de obesidade 5%. E o que é pior: esses índices continuam aumentando, principalmente entre as classes sociais mais baixas.

 A obesidade entre crianças e adolescentes aumentou 239% no Brasil em 20 anos. 

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Agora, confira as 2 grandes razões dessa verdadeira explosão da obesidade infantil no Brasil.

1ª GRANDE RAZÃO: Alimentação

Nos últimos trinta anos, a alimentação dos brasileiros mudou bastante. Segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em todas as capitais brasileiras, os brasileiros estão consumindo menos ingredientes considerados básicos e tradicionais – como o arroz e o feijão, leite e derivados, frutas e hortaliças; e mais alimentos prontos para consumo ricos em açúcar, sal e gorduras – como salgadinhos, refrigerantes e alimentos congelados. Entre os adultos, apenas 30% consome frutas, verduras e legumes em cinco dias da semana. E se as crianças são reflexos dos adultos, já podemos imaginar que esses índices devam ser bem similares entre os pequenos.
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O estudo Nutri Brasil Infância II avaliou a hora do lanche de crianças entre 4 a 6 anos, mapeando os alimentos mais consumidos neste momento. Entre esses alimentos estão os biscoitos com ou sem recheio, as guloseimas (balas, pirulitos e caramelos), iogurte ou leite fermentado, e os pães, alimentos ricos em açúcar. A soma do açúcar presente no lanche da tarde e no lanche da manhã já praticamente atinge o limite diário estipulado pela OMS (cerca de 25g) em todas as regiões do Brasil. E essas refeições são as menores do dia, fornecendo apenas 10 a 15% das necessidades energéticas diárias da meninada.
De acordo com um outro estudo, denominado The Infant and Kids Study (IKS), realizado com mais de 1000 crianças da região metropolitana de São Paulo, 33,5% das crianças de 4 a 12 anos consomem mais gordura do que a recomendação diária, e 77% das crianças de 9 a 12 anos consomem mais sal do que o recomendado também pela OMS (cerca de 5g).

Como está o consumo alimentar das crianças brasileiras?

De forma geral, o consumo alimentar das crianças brasileiras é marcado por alto consumo energético, mas baixo consumo de vitaminas e minerais, especialmente ferro, vitamina A e zinco. Ou seja, nossas crianças não estão comendo pouco, em quantidade (calorias), mas não comem com qualidade, e apesar dos números a mais na balança, elas não têm todos os nutrientes necessários para seu pleno desenvolvimento e crescimento, o que pode trazer graves consequências para a saúde.

Entenda as consequências da obesidade para crianças e adolescentes

Consequências da Obesidade Infantil: Apneia, Diminuição da auto estima, Problemas Respiratórios, Estrias, Pés Chatos, Aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos, Problemas cardíacos, Desvios de Coluna, Risco de Diabetes Pressão alta e Gordura no Fígado, Lesões nas articulações.

2ª GRANDE RAZÃO: Atividade física

A pesquisa IKS também revelou outro dado de ficar com a boca aberta: mais da metade das crianças de 1 até 12 anos é considerada sedentária, ou seja, não faz mais do que 5 horas de atividade física por semana. O problema é maior entre meninas, atingindo 56% deste universo. O espaço da brincadeira nas ruas ou espaços sociais vem sendo substituído pelas telinhas: 75% das crianças entre 7 a 12 anos passam 4 horas ou mais por dia em frente à TV, tablets e/ou celulares, mais do que o dobro do tempo recomendado por especialistas, que é de no máximo 2 horas por dia para crianças acima de 2 anos.
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É importante ressaltar que a obesidade é uma doença complexa que envolve outros diversos fatores: genéticos, metabólicos, comportamentais, culturais e sociais. Como a criança não é a única responsável por suas próprias escolhas no que se refere à alimentação, a obesidade infantil é também um reflexo de toda a sociedade, que é em grande parte responsável por essa pandemia. A prevenção é a melhor forma de lidar com a doença, até porque crianças obesas tem 80% mais chance de continuarem obesas na vida adulta. Mas quando o quadro já está instalado é preciso promover uma mudança no estilo de vida da criança e de toda a família, com uma reeducação alimentar aliada à prática de atividades físicas.

Veja algumas dicas para previnir a obesidade infantil:

  • A prevenção da obesidade infantil começa desde o nascimento. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida é fator importante de prevenção de obesidade no restante da vida.
  • Após 1 ano de idade, a alimentação da criança deve seguir os padrões da família. E a família é o melhor exemplo! Por isso não adianta exigir que seu filho coma bem sozinho. A família toda deve consumir comida de verdade: cereais integrais, laticínios e carnes magras, frutas, verduras e legumes fazem parte de uma alimentação saudável.
  • O ideal é que a criança faça 3 refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e 2 a 3 pequenos lanches entre essas refeições.
  • Evite oferecer guloseimas, biscoitos recheados, salgadinhos, fast foods e refrigerantes às crianças, especialmente nos intervalos das refeições! Beliscos prejudicam o apetite e favorecem o ganho de peso.
  • No intervalo entre as refeições ofereça água! E nas refeições evite oferecer bebidas ricas em açúcar, como refrigerantes e sucos industrializados, preferindo sempre a própria água ou sucos integrais/naturais.
  • Inclua seu filho no planejamento do cardápio e no preparo das refeições! Leve-o com você na feira, mercado, peça-o para ajudar a colocar a mesa para o jantar ou para preparar com você uma receita para a família.
  • Cuidado com o tempo excessivo em frente às telas e com os compromissos excessivos! Toda criança deve ter o tempo e a liberdade para brincar. Passear com o cachorro, correr no condomínio, jogar bola ou mesmo games de exercícios físicos deixam o dia mais divertido e ativo!