"Tem que raspar o prato": essa obrigação pode ser perigosa para as crianças!

“Tem que raspar o prato”: essa obrigação pode ser perigosa para as crianças!

Nós, mães, sempre queremos o melhor para os nossos filhos, mas quando se trata de alimentação, o melhor para o nosso filho não é comer tudo do prato de maneira forçada, sabia? E hoje eu vim fazer você entender isso =)

“Ah, nutri, mas meu filho não come bem!”

Eu sei! A gente fica triste quando prepara aquele prato lindo, saudável, variado e colorido para o nosso filho, ele come uma colher (quando come) e pronto! Mas é muito importante você entender que essa mania que a maioria das mães tem de querer o prato limpo no final da refeição, não é uma coisa saudável!

Pare e reflita! O que seria comer bem para você?

Para você o seu filho só come bem se ele comer tudo que você tiver colocado no prato dele?

Então, aqui vamos para a primeira questão:

Você já percebeu que você quer que o seu filho coma a quantidade de comida que VOCÊ coloca no prato dele?

Será que se eu fosse montar o seu prato, eu acertaria a quantidade de comida que você geralmente come? Com certeza não, né?! Mesmo porque você também pode comer uma quantidade de comida em um dia, mas no outro já não tem tanta fome e acaba colocando menos!

Acredite! SEU FILHO SABE QUANTO ELE DEVE COMER!

Você sabia que os bebês nascem com uma capacidade fisiológica de auto regulação da fome?

Quando nós nascemos, temos uma capacidade muito boa de perceber sinais de fome e de saciedade. Afinal de contas, a gente nem fala, não é?! Quem diz horário de comer é o bebê, quando chora desesperadamente, assim como também é ele que larga o peito quando está saciado.

Após os 6 meses, quando ocorre a introdução dos alimentos, essa percepção continua! Então, acredite neles!

Seu filho continua sabendo a quantidade de comida que ele deve consumir, mesmo após a introdução alimentar!

Te convido agora para uma volta no túnel do tempo: Vamos relembrar quando você era criança!

Seus pais te obrigavam a comer tudo que tinha no prato?

Provavelmente sim, não é?

Agora pense o que vem na sua cabeça ao lembrar deles te forçando a ficar na mesa, ou até mesmo forçando colheradas na sua boca até o prato ficar limpo: Hoje, já adulto, você tem aversão a algum alimento porque quando era pequeno era obrigado a comer? Quando sua mãe te chamava para almoçar/jantar, você ia fazer suas refeições com prazer ou era uma tortura sempre que chegava essa hora do dia?

Pois é, nossos pais fizeram isso com a gente! (E com certeza você deve estar pensando: “E eu nem morri por isso”). Mas você gosta da sua alimentação hoje ou vive na luta com a balança?

Você percebe quando está saciado e respeita isso ou come desesperadamente?

Assim como você, seu filho também não vai morrer por você força-lo a comer, mas ele também não vai ficar maior e mais forte por causa disso!

Pelo contrário, ele te dizer que não quer mais comer e você força-lo a isso vai estar ensinando-o a ignorar os sinais de saciedade e isso pode levar a um adulto que tem compulsão, que não percebe os sinais de saciedade, além de fazer seu filho associar as refeições com algo ruim e elas se tornarão cada vez menos prazerosas.

Isso tudo pode favorecer a um ganho de peso excessivo!

#Tchau, distrações!

Além disso, um outro ponto muito importante, é que muitos pais na tentativa de fazer seus filhos comerem mais, utilizam de artifícios não tão saudáveis assim, como é o caso dos tablets, celulares e brinquedos durante a refeição.

Eu sei que é um ato inocente, mas lembre-se que seu filho, assim como você, deve estar focado no momento da refeição! Essas distrações podem fazer eles comerem mais, como também pode distraí-los a ponto deles pararem de comer sem estarem saciados.

Também é muito importante você não ceder outros alimentos que não são saudáveis porque “é melhor ele comer alguma coisa do que não comer nada”. Acredite, é muito melhor a gente focar na QUALIDADE do que nosso filho come, do que na QUANTIDADE!

#Sem recompensas!

Não importa se você faz isso com comida, com brinquedo ou qualquer outra coisa. Se você fizer, quem estará no comando será a criança! Além disso, ela pode sempre associar a comida com alguma recompensa.

Seu filho não quer comer? Respeite! Continue incentivando, apresentando novos alimentos, tente preparações diferentes, crie apresentações diferentes (sabe aquelas imagens lindas de pratos montados que viram coqueiros, rostinhos, etc? – Que tal se aventurar e tentar fazer um para o seu filho?) – Mas não insista e não force! INCENTIVAR é diferente de INSISTIR!

Não use frases como: “A mamãe vai ficar triste se você não comer” e também não dê os parabéns caso seu filho coma tudo – Isso fará seu filho comer para te ver feliz, não necessariamente porque está com fome.

Por melhor que seja sua intenção de fazê-lo comer tudo que está no prato, força-lo a comer, dizer que ele só sairá da mesa após terminar de comer tudo que está no prato, vai atrapalhar ainda mais a relação do seu filho com os alimentos. #COMIDA NÃO É CASTIGO

Acalme seu coração! Você não estará sendo menos mãe porque seu filho não “come bem”! Associamos muito isso, não é? Porque temos na nossa mente que cuidar é sinônimo de alimentar, mas os dois são coisas distintas.

Repita os mantras: “Nem sempre o prato estará vazio”; “Quem alimenta de forma respeitosa, cuida melhor”.

Colocando esses mantras na cabeça ficará muito mais leve para você e para o seu filho esse horário da refeição!

Mas, nutri, como saber se ele está saciado?

O Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos traz para gente um quadrinho explicando por idade os sinais de fome e de saciedade, confere aí:

Legal, não é? Assim fica muito mais fácil de você tentar entender os sinais que o seu filho te dá =)

Saber reconhecer os sinais de fome e saciedade e compreender a capacidade de autocontrole da criança em relação a ingestão alimentar contribuem para a formação de um comportamento alimentar adequado. Esse processo se inicia precocemente e se estabelece ao longo dos primeiros 2 anos de vida.

Então, nada de pressa! 😉

Lembre-se que seu filho passou 9 meses dentro da barriga e, depois que nasceu, passou 6 meses só com leite materno. A introdução alimentar é um processo devagar, seu filho com 6 meses não vai sair comendo e aceitando tudo que você der para ele. Tenha paciência!

Você tem dúvidas de como deve ser a introdução alimentar? Então confira aqui.

Vou terminar esse artigo com um desafio pra você, que tal?

#Desafiodanutri =)

Prepare um jantar especial e saudável para sua família hoje! Se puder, leve seu filho com você para fazer as compras e peça ajuda também para preparar as receitas (mexer alguma preparação, untar uma forma, ralar uma cenoura – as tarefas vão depender de acordo com a idade do seu filho) – assim seu filho já vai se familiarizando com os ingredientes e preparações e pode ter mais interesse no horário da refeição.

Depois, peça para ele te ajudar a montar uma mesa bem bonita e sentem todos à mesa JUNTOS!

Converse com a criança durante a refeição, fale sobre os alimentos que estão no prato dele, incentive-o a provar alguma coisa, seja o EXEMPLO!

Regras:

  • Desligue a televisão
  • Deixe os celulares, tablets, livros no quarto
  • Não deixe nenhum brinquedo próximo da mesa
  • Não conte as colheradas
  • Não o force a comer
  • Não diga que ficará triste se ele não comer e também não dê parabéns, caso ele coma
  • Não ofereça recompensas
  • Não faça aviãozinho
  • Seu filho não quer comer? Ok, RESPEITE!

Quando ele tiver os sinais de fome e se mostrar interessado, você tenta oferecer novamente a refeição!

Lembre-se também que existem vários fatores que podem interferir nessa fome, como o nascimento dos dentes, doenças, diminuição do ritmo de crescimento, etc.

Vamos colocar em prática?

Que tal tirar uma foto dos preparativos do jantar ou até mesmo da família reunida na mesa (só não esqueça de fazer isso no começo da refeição e depois levar o celular para o quarto) e marcar a gente (@energienutricao) no instagram?

Queremos ver e fazer parte, mesmo que de longe, dessa refeição prazerosa e respeitosa em família!